Que história maluca, sempre a mesa coisa!
Essa história eu ouvi quando estava internado por 45 dias em uma clínica de recuperação em São Paulo (o autor eu não conheço). Conta-se que um companheiro, recém ingressado em A.A. prestava muita atenção no depoimento dos companheiros até que se incomodou com a história de um velhinho, membro de A.A. que sempre repetia o mesmo depoimento.
Assim dizia o velhinho em suas palavras:
- “Meu nome é fulano, sou um alcoólico em recuperação. Quando bebia não tinha ânimo para nada, mas agora eu levanto de madrugada, tiro leite da vaquinha, sendo que metade do leite eu vendo e metade a mulher faz queijos, que também vendo e fazemos um dinheirinho, que dá para tocar nossa vidinha”. Desta forma, em todas as reuniões, o velhinho de A.A. sempre repetia a mesma estória: - “... Quando bebia não tinha ânimo para nada, mas agora eu levanto de madrugada, tiro leite da vaquinha, sendo que metade do leite eu vendo e metade a mulher faz queijos, que também vendo e fazemos um dinheirinho, que dá para tocar nossa vidinha...”. E assim, sempre repetia o mesmo depoimento em todas as reuniões.
Cansado de sempre ouvir a mesma história, nosso novato companheiro pensou: - Que história maluca, sempre a mesma coisa. Eu é que não vou ficar escutando essa história repetida, não vou mais nessa reunião.
E assim aconteceu! Nosso companheiro deu um tempo às reuniões. Mas como acontece com a maioria dos que se afastam do grupo não foi diferente com o infortunado companheiro; voltou ao copo e a beber compulsivamente.
Porém, como dizem os velhos companheiros: “quem conhece este programa de A.A. nunca mais bebe sossegado”. Assim aconteceu com o companheiro que se vendo aos trapos e farrapos, mergulhado na garrafa, se lembrou das reuniões e, como por um tempo havia conseguido parar de beber. Então, acertadamente pensou: - “Vou voltar às reuniões, quem sabe eu consigo me restabelecer”. Voltando à sala de reuniões, para surpresa do nosso companheiro, lá estava o velhinho, só que desta vez, muito mais bonito e mais saudável, enquanto que o “filho pródigo” se via como um trapo humano, acabado e arrasado.
Para seu espanto, tomou a palavra o velhinho e foi logo dizendo: - “Meu nome é fulano, sou um alcoólico em recuperação. Quando bebia não tinha ânimo para nada, mas quando parei de beber, levantava de madrugada, tirava leite da minha vaquinha, vendia a metade e a outra metade a mulher fazia queijos, que também era vendido e fazíamos um dinheirinho. Graças ao Poder Superior e a esta Irmandade de A.A. daquela vaquinha hoje eu tenho uma boiada, tenho empregados para tirar o leite, monto num cavalo alazão para inspecionar meu rebanho, estou muito contente por conhecer Alcoólicos Anônimos e fazer parte desta irmandade. Muitas 24 horas de sobriedade e serenidade a todos”.
Nosso companheiro..., baixou a cabeça e pensou: - Com vaquinha ou sem vaquinha, não arredo o pé desta salinha. Nem que for preciso eu beber deste leitinho, mas cachaça não entra mais no meu caminho.
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